Problemas no Relacionamento: Estresse, Corpo e Saúde do Casal

Quando falamos sobre problemas em casais, é quase impossível não pensar em discussões e tensões emocionais. Afinal, quem nunca passou por um desentendimento que parecia não ter fim? No entanto, os desafios em um relacionamento não se limitam apenas ao emocional. Muitas vezes, esses problemas têm efeitos no corpo e nos hábitos diários, criando um ciclo de estresse que afeta tudo na vida do casal.

Vamos explorar como essas questões estão conectadas e como uma abordagem integral pode ajudar a restaurar o equilíbrio.

• O Impacto Emocional e Físico nas Relações

Quando um casal enfrenta dificuldades emocionais, como brigas frequentes ou falta de comunicação, isso pode afetar a saúde física de ambos. O estresse causado por conflitos pode ativar o sistema nervoso simpático, que prepara o corpo para a "luta ou fuga". Isso significa que, em situações de estresse contínuo, o corpo permanece em um estado de alerta constante.

Como resultado, problemas como insônia, dores musculares, cansaço excessivo, aumento da pressão arterial e até problemas digestivos podem surgir. Em casos mais graves, o estresse crônico pode contribuir para doenças mais sérias, como hipertensão ou distúrbios autoimunes (Maté, 2003).

Estudos de neurociência polivagal (Porges, 2011) indicam que o sistema nervoso autônomo, que regula funções vitais como a frequência cardíaca e a respiração, reage fortemente às tensões emocionais. Quando essas tensões não são resolvidas, os efeitos no corpo podem ser bastante negativos.

A falta de comunicação ou a incapacidade de resolver conflitos de maneira saudável no relacionamento pode levar a uma sobrecarga emocional, que se reflete fisicamente, prejudicando o bem-estar geral de ambos os parceiros.

• O Corpo Fala: A Psicossomática no Relacionamento

Agora, imagine que, além do impacto emocional, o corpo começa a dar sinais claros de que algo não vai bem. Isso é o que chamamos de psicossomatização: quando os problemas emocionais se manifestam fisicamente. Um casal que vive sob constante tensão pode começar a sofrer com sintomas como dores de cabeça frequentes, fadiga extrema, tensão muscular e até problemas digestivos, como azia ou constipação. Isso acontece porque o estresse constante eleva os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, que, quando elevado por períodos prolongados, enfraquece o sistema imunológico e prejudica o funcionamento de órgãos vitais.

No entanto, o que muita gente não sabe é que essas condições físicas não são só um reflexo do emocional, mas também um ciclo vicioso: o corpo “fala” com sintomas, mas, em vez de buscar ajuda, a pessoa tende a ignorar esses sinais, piorando ainda mais a situação.

Em um estudo de Gottman e Silver (1999), os pesquisadores observaram que casais com dificuldades de comunicação e gestão emocional tendem a ter mais problemas de saúde, e a terapia pode ser uma maneira eficaz de interromper esse ciclo.

• O Impacto dos Hábitos na Relação

Além das questões emocionais e físicas, os hábitos diários também podem afetar profundamente a dinâmica de um relacionamento. Alimentação inadequada, falta de exercícios, consumo excessivo de álcool e outros hábitos pouco saudáveis podem agravar problemas emocionais, criando um cenário perfeito para o estresse no relacionamento. Por exemplo, uma dieta rica em alimentos processados e açúcar pode afetar o humor e a disposição de uma pessoa, tornando-a mais irritada ou ansiosa, o que pode aumentar o número de conflitos no casal (Möller et al., 2008).

A falta de atividade física também pode contribuir para a falta de energia e motivação, fatores que afetam diretamente a disposição para interagir de maneira positiva no relacionamento. O simples fato de um casal começar a se exercitar juntos pode promover um aumento de energia, além de reduzir os níveis de estresse e melhorar a qualidade do sono, fatores que impactam diretamente na vida afetiva.

• A Importância de uma Abordagem Integral

Quando pensamos em resolver problemas de casais, é fundamental adotar uma abordagem que considere as interações entre corpo, mente e hábitos. Afinal, esses fatores não funcionam de forma isolada. Um relacionamento saudável depende de um equilíbrio entre esses três aspectos.

A terapia psicológica pode ajudar o casal a lidar com os aspectos emocionais, aprendendo a se comunicar melhor e a lidar com conflitos de forma saudável. Mas, para que o tratamento seja eficaz, também é importante considerar os hábitos de vida do casal. Incentivar mudanças como a prática regular de exercícios, uma alimentação mais saudável e o gerenciamento do estresse pode ser crucial para melhorar o bem-estar físico e emocional de ambos.

E lembre-se: quanto mais equilibrados estivermos fisicamente e emocionalmente, mais preparados estaremos para construir uma relação harmoniosa e duradoura.

Conclusão

Os problemas em casais não são apenas sobre desentendimentos e sentimentos negativos. Quando não tratados, esses problemas podem afetar o corpo e criar um ciclo vicioso que prejudica a saúde física e emocional de ambos os parceiros. Ao adotar uma abordagem integral, que inclua cuidados com o corpo, mente e hábitos, os casais podem restaurar o equilíbrio e promover um relacionamento mais saudável e feliz. Adotar uma abordagem integral, aliando cuidados emocionais, físicos e de hábitos, pode restaurar o equilíbrio e fortalecer a relação.

Cada passo, mesmo pequeno, contribui para restaurar a harmonia e fortalecer a relação.

Antes de iniciar, é preciso compreender

Caso sinta que este é um momento de olhar com mais atenção para sua vida emocional, coloco à disposição um acompanhamento terapêutico sustentado por formação contínua, experiência clínica e compromisso ético, para caminhar com você nesse processo.

A entrevista inicial sem ônus oferece um espaço de escuta qualificada para compreender o que sustenta o sofrimento atual e avaliar, com critério clínico, o início do acompanhamento terapêutico.

Agendar entrevista inicial

Vamos conversar e cuidar da relação com atenção e acolhimento!

Fontes:

Porges, S. W. (2011). The Polyvagal Theory: Neurophysiological Foundations of Emotions, Attachment, Communication, and Self-Regulation. Norton & Company.

Gottman, J., & Silver, N. (1999). The Seven Principles for Making Marriage Work. Crown Publishers.

Maté, G. (2003). When the Body Says No: Understanding the Stress-Disease Connection. Wiley.

Möller, A., et al. (2008). "Serotonin and Depression: A Comprehensive Review of the Literature." Neuroscience and Biobehavioral Reviews.